quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Case de pelúcia para iPhone e três super celulares

Quem tem criança em casa ou lembra da sua infância, sabe: os presentes dados quase sempre vão quebrar depois de um tempo! E se o brinquedo for caro, dá até pena do destino do coitado! Agora pare e pense: você daria um iPhone pro seu sobrinho de 3 anos? Por que não? É só usar a case de pelúcia Woogie, da Griffin Technology. O case é fofinho, além de guardar dois auto falantes alimentados por pilhas AAA. Ele é compatível com iPhone e iPod Touch! Agora sim você pode dar um de presente pro seu guri sem se preocupar!

Para quem vive caçando tomadas para recarregar a baterias do celular, uma solução criada pela Nokia pode ajudar muito. O Nokia E-Cu tem uma superfície feita de cobre que transforma o calor circundante em energia elétrica. [via Dezzen]

Ainda na onda dos celulares auto-carregáveis, a Puma junto com a Sagem desenvolveram um celular com uma célula solar embutida. Todas as vezes que o telefone é recarregado com a energia da luz do sol, são computados pontos que podem ser gastos na Puma Store! O Gizmodo americano tem uma crítica interessante do telefone!
Para terminar com mais um celular de marca famosa, a Adidas vai lançar seu próprio celular na China. O Gizmodo americano também tem uma crítica interessante sobre ele.

Até mais, pessoal! ;)

sábado, 21 de agosto de 2010

UnhiCulto 4/4

4 - Oportunidades

1 - Ouse. 
Fonte

Vá além do arco-íris! Vá além dos materiais comuns! Torne o adorno das unhas uma experiência tridimensional! A introdução das cores neon e dos acabamentos com brilho trouxe novo animo a uma área que andava um pouco monótona. Suas clientes estão esperando não só ótimas experiências, mas também experiências fora do comum – de preferência que possam compartilhar com as amigas.

Não tenha medo de tentar coisas absurdas à primeira vista, nem ousadas. O blogueiro Perez Hilton viajou ao Japão e acabou topando com uma garota que tinha uma vagina desenhada na unha – com direito a uma lantejoula no lugar do clitóris.
Fonte

Seguir tendências pode ser algo bom para empresas que querem se capitalizar ou que não dispõem de recursos sobrando para experimentar – o que só posso lamentar, sinceramente. Mas lembre-se que a indústria cosmética, principalmente a indústria do esmalte e do cuidado com as unhas, é uma indústria com vários participantes (leia-se: concorrentes), muitas vezes com produtos de pouca diferenciação para as consumidoras.

Passeie longe de sua esfera cultural, social ou mesmo geográfica e tente perceber a formação de novos grupos consumidores atentando para uma estética diferenciada do que é feito. Quando algo bastante absurdo chamar sua atenção, ligue para o gerente de marketing: é hora de formar alguns grupos focais. Se você é dona de um salão e quer fazer nail art, vale a pena fazer experiências com várias clientes conhecidas e prestar atenção a suas reações.

O que nos leva a nosso segundo ponto.

2 - Procure as tribos

As tribos se reúnem em torno de alguns valores, então não faça besteira oferecendo a todas elas produtos apreciados apenas por algumas. Muitas delas parecem lugares-comuns na sociedade: as patricinhas, as alternativas, as nerds ou ainda os dandis.

Mas as misturas que surgem podem levar seu produto ou serviço a serem rejeitados por quem você deseja agradar. Hoje, a revista Superinteressante (urgh!) é lida tanto por patricinhas quanto por nerds; alardear as idéias de consumo sustentável e economia de recursos é lugar-comum para muitos grupos que querem exibir sua preocupação com o meio-ambiente. Ídolos genéricos costumam reunir um número grande de tribos ao seu redor, então o melhor é buscar pontos radicalmente excludentes entre as tribos.

Os otakus (no Brasil, o termo designa fanáticos pela cultura pop japonesa) geralmente andam com os geeks, seus valores e gostos muitas vezes se sobrepõem, mas as otakus que lêem mangás como Nana  ou mesmo KareKano  não costumam gostar de Preto e Branco . A melhor abordagem é segmentar as tribos, como já dito, de maneira a poder enxergar quais são as características que as afastam das outras, para perceber quais podem ser colocadas nas mesmas categorias sem que seu produto ou serviço entre em conflito com tribos diversas.

Para os salões, o atendimento individualizado e o relacionamento estabelecido com uma cliente é o maior trunfo que um proprietário pode ter. Sabendo do tipo de cliente que mais freqüenta seu salão, é besteira generalizar o atendimento. Salões para madames que gostam de lixar as unhas e usar tons pastéis de esmalte para passear com os netos existem aos montes. Mas salões para moças que gostam de usar dreads e nail art com caricaturas dos Rolling Stones são quase inexistentes. Embora seja um terror para a esfera pública, a formação de nichos é tremendamente eficaz em termos mercadológicos.

Procure as tribos sem caciques. Existem muitas que estão implorando por líderes. Talvez você seja quem estão procurando..


3 - Atenção ao contexto.


Separe a fantasia da realidade. Na grande maioria das vezes a produção escolhida por uma pessoa tem mais a ver com o local e a percepção de que tipo de roupa e maquiagem deve-se usar naquele ambiente. Mesmo geeks ou peruas tentam controlar sua habilidade de se destacar em ambientes mais formais, onde a cultura não permite muito “brilho”.

Insisti no começo que as unhas podem vir a se tornar o centro da produção escolhida, mas elas também podem ser apenas coadjuvantes. Então se lembre de um conceito importante: o ponto principal não é o produto, mas sim a cliente/consumidora. O adorno da unha deve ajudar a potencializar as intenções, fazendo-a sentir-se segura, confiante de que seja o que ela fizer – realizar a apresentação que vai lhe dar a promoção de diretora ou dar o troco naquele ex-namorado canalha – vai fazer bem feito. Esplendorosamente linda, ainda por cima. 

Pense no todo.

4 - Expanda seu foco.

Se a cliente é o ponto principal, e as unhas são uma das partes, é objetivo da empresa realizar o casamento entre o adorno das unhas e o resto da produção. Mas não caia no conto da miopia de marketing de Levitt. Você não deve levar o foco da empresa para longe de sua competência central. Assim como uma empresa de aviação (uma empresa de transporte) não tem competências para criar e gerir linhas férreas, uma empresa de esmaltes e cosméticos (ou mesmo um salão de beleza) teria sérias dificuldades para lidar com linhas de roupas. Por mais que uma joint-venture  seja uma possibilidade, cruzando marcas para que uma se beneficie das posições mercadológicas da parceira, algo mais simples é educar as consumidoras/clientes: a exemplo do que faz o blog Oficina de Estilo, mostrando como as roupas podem ser usados  para criar produções incríveis, algo pode ser feito com o adorno de unhas, com as proporções guardadas para cada participante.

Para as fábricas de esmaltes, que ganham por volume de venda, é interessante criar alguns looks que durem uma ou duas temporadas, usando de propagada para firmar na mente das consumidoras os conceitos que a empresa quer vender, massificando o uso de seus produtos.

5 - Pule fora da caixa.

O aparelho moderno de barbear foi inventado em 1901 por King Gilette. Passaram-se 69 anos até que o aparelho de duas lâminas fosse lançado em 1970, também pela Gilette. Depois foram apenas 28 anos para o lançamento do Mach3, em 1998, outro lançamento da Gilette. Porém, depois de cinco anos, em 2003, sua maior concorrente, Wilkinson Sword, lançou o Quattro, com adivinhe quantas lâminas. Como todos esperavam a Gilette lançou dois anos depois, em 2005, o Fusion, com cinco lâminas. Dan Roberts, editor de negócios do Financial Times, escreveu em sua coluna que “o Fusion sugere que podemos estar atingindo os limites da inovação genuína em algumas categorias de produtos”.

O hábito do adorno das unhas acompanha a humanidade há muito tempo, e parece que desde o inicio da civilização as mulheres usam apenas pigmentos para embelezar a ponta seus dedos. Mas vimos o exemplo dos anéis de Jules Kim, as unhas postiças e unhas trabalhadas ao estado de jóias, fugindo da sequencia histórica.

Sim, você ainda pode dar várias funcionalidades aos esmaltes e às unhas postiças.

Unhas artificiais que avisem sobre alguma doença ou disfunção no organismo, como queda do nível de insulina? Já existem esmaltes medicinais, mas onde estão os esmaltes que contém suplementos alimentares? Isso é possível? Quem disse que não?

Onde estão os esmaltes termosensíveis, que mudam de cor à medida que a mulher se bronzeia? Esmaltes com aromas afrodisíacos, onde estão?

Unhas postiças com marcas famosas? Que tal torná-las jóias?

Unhas escarificadas como sistema de identificação? Um padrão queimado poderia ser reconhecido por um instrumento óptico. Tatuagens temporárias para as pontas dos dedos?

As possibilidades são muitas, desde que não sejam ofensivas às consumidoras. Experimente o cruzamento de idéias sem parar, coisas ótimas podem aparecer.

E claro, tudo isso é muito interessante. Mas é a chamada inovação incremental: você adiciona ou muda funcionalidades de um produto já existente para que fique mais atraente aos olhos dos consumidores. Porém, para aquelas que já têm dezenas de cores de esmaltes diferentes, com acabamentos incomuns, uma nova cor ou um novo acabamento são pontos relevantes? Só algo radicalmente diferente poderia fazer a diferença em uma cena saturada de produtos semelhantes.

Não estou sugerindo que você pare de trabalhar com esmaltes e acabamentos para as unhas, pois as consumidoras não vão deixar de usá-los. Os barbeadores comuns continuam populares, mesmo após o surgimento do barbeador elétrico. Mas é hora de pensar adiante, testar novas alternativas para deixar as unhas de suas clientes mais belas. O foco principal é a beleza, depois o produto.

PS: Este post tem algumas pegadinhas, vamos ver se vocês me fazem revelar. ;)

Fontes:

BARAN, Robert; Mitos e Sinais das Unhas; Scientific American Brasil; Outubro 2003.
NAISBITT, John; O Líder do Futuro; Sextante; 2007
“Internet estreita culto em torno do esmalte”, A Tarde, 25 de julho de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

UnhiCulto 3/4

3 - O Glamour Na Ponta de Seus Dedos

Quando uma mulher de negócios pinta as unhas com um esmalte cor renda, branco e transparente perolizado, ela passa a seus colegas de trabalho a imagem de uma mulher elegante e competente. O que mais ela pode querer para suas unhas? Quando uma geek pinta as unhas com o esmalte Pop4You Cigarrette, ela quer mostrar sua irreverência e sua personalidade excêntrica, para ser reconhecida pelo que é: uma geek. O que mais ela pode querer para suas unhas? Muitas mulheres gostariam de ter mais que isso. Bem mais que isso.

Quando existe uma comunidade muito grande e proativa de usuários ou consumidores de um produto ou serviço, uma coisa curiosa acontece: ele começa a ser usado de forma diferente do que seus idealizadores haviam previsto. Muitas vezes essas modificações têm a ver com os hobbies e com o meio em que o usuário ou consumidor está inserido. Fãs do Nintendo Wii e de eletrônica podem adaptar o uso de seu controle sem fio para controlar um cortador de grama. Engenheiros podem usar um osciloscópio para jogar Tetris.

Portanto, quando o fanatismo pela beleza com as unhas e outros gostos e valores se cruzam, tudo pode acontecer. Uma artista plástica pode fazer pequenas pinturas nas unhas. Uma engenheira química pode, digamos, simular a superfície de uma reação em um esmalte. Ou ainda uma designer pode criar para as unhas um adorno tridimensional.

Vamos ver algumas abordagens para quem quer inovar na beleza das unhas.

3.1 - Unhas como espaço para arte.

A nail art (termo em inglês para “arte nas unhas”, em uma tradução aproximada) está no vocabulário das cultuadoras das unhas há tempos. Nas cidades onde a cultura urbana é forte, como Londres e Tókio, as artistas que trabalham com unhas são cada vez mais requisitadas.

Em Londres, o salão Wah Nails faz muito sucesso há menos de um ano. O salão/estúdio foi criado com o objetivo de oferecer a suas clientes a maior variedade possível de modelos.


Em Tokyo, a Tokyo Nail Expo mostra o que há de mais inovador em termos de nail art, atraindo 50 000 pessoas em sua última edição.
Fonte  
Fonte

Fonte


O blog The Daily Nail chama a atenção. Melissa Osburn decidiu fazer 365 pinturas nail art diferentes em 365 dias. Muitas delas são inspiradas em símbolos da cultura pop, e o blog conseguiu chamar bastante atenção da mídia e das fanáticas por esmaltes.






E o MyNailsArt  é praticamente um portal sobre nail art, com notícias de novos lançamentos e indicando tendências para quem gosta do assunto.





Mas é a inglesa Sam Biddle quem está levando a arte nas unhas a ser admirada fora do círculo das fanáticas por esmaltes. Sam foi vencedora de vários concursos de nail art e agora também é juíza. Seu trabalho já foi exibido pelas redes de televisão BBC e ITV, e na imprensa britânica. Os trabalhos que exibe nas exposições geralmente são artísticos demais para o uso no dia a dia, mas Biddle fundou a companhia Be Inspired, que vende DVDs e realiza workshops para pessoas interessadas em realizar trabalhos artísticos para ganhar dinheiro. Vários posts de seu blog tem como tema “aumente seus ganhos”.


No Brasil, assim como em outras partes do mundo, parte das mulheres é avessa a esses adornos. Mas as consumidoras deste tipo de arte são cativas e costumam variar muito os desenhos nas unhas.

3.2 - Unhas Como Jóias

Não se deixe enganar. Quando uma celebridade causa furor na mídia lançando uma “tendência incrível”, é porque aquilo já foi gestado durante algum tempo em alguma tribo da sociedade. Lembre-se que da mesma forma que os objetos demoram a chegar ao fundo das fontes profundas, muitas vezes as idéias demoram a subir as montanhas mais altas. Então não fique pensando que a cantora Kate Perry lançou a moda das unhas cravejadas de cristais – ou seu conceito maior, as unhas como jóias.
Fonte

O efeito foi obtido pintando a unha com uma cor metálica, semelhante à superfície de objetos de alumínio, e em seguida colando-se pequenos cristais. A técnica foi explicada em vários blogs de manicure pela internet.
Fonte

A designer Jules Kim criou anéis dourados em forma de serpente para as unhas. Se as unhas forem pintadas em cor similar, o conjunto parece uma peça única, já que as serpentes enroscam nos dedos.
Fonte


3.3 - Unhas Fora da Caixa

Como dito antes, quando o fanatismo pelas unhas encontra outros tipos de gostos e valores, coisas muito interessantes podem surgir.

A Chanel criou em 2007 seu  Holographic Silver, esmalte que continha partículas que mudavam de cor conforme a exposição à luz, simulando efeito semelhante à superfície de uma bolha de sabão.
Fonte

Também em 2007, a Lancome lançou seu esmalte Le Magnetique, que contém partículas com campo eletromagnético ativo. Uma camada de esmalte simplesmente pinta a unha na cor vinho-escuro. Mas aproximando a unha do imã na base do vidrinho ocorre uma interação entre as partículas, formando desenhos, de acordo com o modo que a unha passa pelo imã.
Fonte
Este tipo de inovação tem duas facetas. A primeira é que este tipo de ornamentação tem uso limitado: se as estrelas pop usam-nas em várias ocasiões públicas, as consumidoras comuns costumam usá-las mais freqüentemente em festas e baladas, onde brilhar mais que “as outras” é mais aceitável. A segunda é que se por um lado as vendas são pequenas, por outro gera um efeito de branding enorme. Somada com outras ações, a noção pública de que a empresa inova distinguindo suas consumidoras fiéis do “resto” pode ser usada para criar um culto em torno da marca.

Mas quais são as oportunidades de negócios? Como usar essas informações para geração de novos produtos que deixem a concorrência comendo poeira? O que sua empresa irá criar e os meios que usará para promover-se são imprevisíveis, mas a análise do presente pode esclarecer bastante sobre o futuro.

Sexta-feira, 20/08,  Oportunidades

domingo, 15 de agosto de 2010

UnhiCulto 2/4

2. Antropologia da Unha.
Um clássico revisitado | Fonte

Já houve quem tratasse das unhas como uma questão filosófica. O francês Xavier Bichat (1771-1802) afirmou, segundo relato do médico e escritor Nicolas Postel-Vinay, que a unha é um “singular espaço anatômico que se presta a uma leitura filosófica”. Seu tratado Anatomia Geral estava permeado por uma filosofia vitalista, que tentava compreender os limites da vida e da morte. Para Bichat, por estarem situadas nas extremidades do corpo, as unhas representavam os limites entre a civilização e a selvageria, entre o humano e o animal. Seguindo por uma reflexão sociológica, Xavier mostra também que as unhas estão inseridas em um contexto social, mostrando parte da personalidade das pessoas, quando diz “unha bem polida e bem cuidada, marca de decoro; unha em forma de garra, marca da animalidade”.

Tamanho fascínio pelas unhas não é apenas um preciosismo de um pensador amalucado. Há muito tempo existe uma grande quantidade de crendices em torno deste espaço anatômico singular.

Em toda Europa, a esperança de cura de para um doente febril estava em enterrar restos de unha em uma encruzilhada, de preferência pela noite. Na Alemanha, para combater problemas de estômago bastava enterrar sobre uma goteira 20 pedaços de unhas das mãos e pés do doente. No sul da França, ingeria-se pó de unha para desaparecerem náuseas e vômitos.

As unhas também eram poderosos instrumentos de sedução, presentes nas poções e nos rituais de amor. Para que uma poção do amor fosse eficaz, era indispensável a presença de pedaços das unhas do amado – para que fossem ainda mais eficazes, as poções deveriam ser preparadas às sextas-feiras, dia da deusa romana do amor, Vênus. As anglo-saxãs acreditavam que para enamorar um homem bastava fazê-lo ingerir uma colher de pedaços de unha em alguma bebida, sem que o alvo soubesse do artifício. E desde a Idade Média as moças carregavam as unhas de seus amados como amuletos, para “amarrá-los” no casamento. Como complemento, as mulheres da antiguidade também embelezavam as unhas. As moças poliam-nas com uma fina poeira abrasiva, geralmente pedra-pomes, e as cobriam com pigmentos diversos, como hena, usada principalmente no antigo Egito.

Mas o cuidado das unhas não podia ser feito em qualquer dia ou lugar. Na Holanda, cuidar das unhas às sextas-feiras trazia doenças; na Dinamarca, aparar as unhas aos domingos era certeza de aborrecimentos futuros. Os portugueses não cortavam as unhas nos sábados, pois o dia era reservado para que o demônio cuidasse das unhas. Na França, cortá-las nos dias que continham “R” em sua escrita (mardi/terça-feira, mercredi/quarta-feira, vendredi/sexta-feira) trazia infortúnios. E em toda a Europa era proibido cuidar das unhas em alto mar, para não atrair tempestades.
Vemos as unhas longas nas mãos desta nobre chinesa | Fonte

Esta atenção com as unhas acabou passando também para a esfera social, sendo estas usadas como forma de distinção e status. Montesquieu observou em sua obra O Espírito das Leis que “há vários lugares na Terra em que se deixa crescer as unhas para sinalizar que não se trabalha”. E existiam mesmo. Na China, os mandarins exibiam suas longas unhas para demonstrar sua ociosidade, afirmando, assim, que não precisavam trabalhar nos arrozais para sobreviver. Em 1964, no Egito, especificamente na acrópole de Saqqarah, foram descobertas as tumbas de Niânkhkhnoum e Khnoumhotep, que viveram na V dinastia do antigo império, em 2400 a.C. Os dois irmãos eram encarregados de cuidar exclusivamente das manicures do faraó, evidenciando há quanto tempo as unhas são objetos de cuidados especiais.

Ligadas a emoções fortes como paixão e medo, símbolos de status e grandeza, objetos de reflexão filosófica. As unhas – não os esmaltes – são destaque na vida das mulheres (e dos homens) há muito tempo. Então vamos alargar nossas percepções sobre o que pode ser feito para embelezar as consumidoras, além de espalhar tinta sobre a ponta dos dedos.
Quarta-feira, 18/10, O Glamour na Ponta de Seus Dedos

sábado, 14 de agosto de 2010

UnhiCulto 1/4

Arte da britânica Sam Biddle

Você pode dizer que já existe uma tendência estabelecida quando há uma grande comunidade que se conhece, com seus líderes de opinião e usuários avançados. Mas é difícil diferir uma tendência de um hábito que já está enraizado na cultura há muito tempo. Em muitos lugares do mundo a população bebe destilados. Isso é uma tendência? Não, é só um hábito cultural. As fêmeas da espécie humana embelezam-se para atrair os machos. Isso também não é uma tendência, assim como adornar as unhas não é uma tendência, é um hábito que acompanha a humanidade há muito tempo, como veremos.

O que há de novo é a maneira como a população feminina urbana trata o que existe na ponta dos dedos. A evolução dos esmaltes criou um culto em torno do hábito de espalhar sobre as unhas um pouco de laca misturada com pigmentos. Novas cores são lançadas constantemente, com tratamentos que dão acabamentos diferenciados às unhas. A diferenciação criada só faz com que outras consumidoras queiram se diferenciar mais ainda, levando a um processo insano de criação de produtos cada vez mais exóticos, colocando as unhas não em posição acessória, mas no centro do palco das vaidades.

Toda essa atenção à ponta dos dedos acabou por impulsionar a indústria de esmaltes e fez surgir ao seu redor um novo segmento: a indústria do adorno de unhas. Unhas postiças com seus personagens favoritos fazem a cabeça das japonesas; acabamentos diferenciados usando eletromagnetismo e outros imitando a superfície de bolhas de sabão exibem a personalidade excêntrica de qualquer uma; estrelas pop abusam do glamour e tornam as pontas de seus dedos jóias espetaculares – e onde está o luxo, estão também as grifes famosas.

Vamos dar um passeio pela história das unhas, saber de todo o misticismo que sempre as cercou. Vamos ver como os fabricantes de esmaltes estão levando ao extremo sua criatividade na criação de produtos. Também conheceremos um pouco sobre como profissionais estão ganhando com essa onda e como você pode ganhar também. E bem no final tem um desafio para você, que gosta de acabar com a monotonia das coisas.

1.      Além do arco-íris.

Não, na verdade o arco-íris não tem só sete cores. Ele contém todas as cores normalmente visíveis ao olho humano. E parece que os fabricantes de esmaltes têm isso sempre em mente – para agradar suas consumidoras, criam cores e acabamentos além do que qualquer pessoa possa imaginar. Somente a marca Risqué tem em seu catálogo 137 cores diferentes.

Tamanha oferta tem demanda à altura: conta-se em centenas o número de bons blogs sobre cuidados com as unhas e esmaltes na web. Uma rápida procura no Google por “manicure blogs” resulta em 3.600.000 resultados. No Brasil, destacam-se blogs como:


9ml 









Com comunidades empolgadas, já aconteceram encontros entre as autoras e as leitoras dos blogs. Em julho passado, os blogs 9ml, Esmaltes da Ana, Loucas por Esmalte e Mão Feita organizaram o evento Aliança do Esmalte, que contou com 100 participantes no salão Bardot, em São Paulo. No início do ano, o soteropolitano Só Nu Gramur organizou uma excursão pelo centro de Salvador à procura de esmaltes interessantes.

O sucesso do esmalte tem uma razão simples: os seres humanos têm a necessidade intrínseca de serem aceitos por alguma comunidade de indivíduos, seja grande ou pequena, e nada melhor do que a beleza para quebrar qualquer barreira social. Não vamos ficar aqui falando sobre como a beleza ajuda seus possuidores a conseguirem salários melhores ou facilidades; o que importa para nós é saber que por cerca de R$100 – o preço de apenas um par de sapatos baratos – uma mulher pode levar para casa vários esmaltes de cores diferentes, combinando-os em produções que as deixam mais bonitas e sensuais, reforçando sua auto-estima e melhorando assim outras esferas da sua vida

Mas por trás de algo que muitos homens podem achar simplesmente supérfluo, esconde-se algo maior. Talvez algo inerente à natureza humana. Percebemos isso no depoimento de Silvia Viana, do blog Unha & Carne, ao jornal A Tarde, quando diz que a cor do esmalte “depende da roupa que vou usar ou do estado de espírito”.

Então a cor ou tipo de esmalte que uma mulher usa pode ter a ver com seu estado emocional? Um tipo de expressão semelhante à roupa ou à bolsa usadas, algo que comunica sobre a personalidade de modo subliminar? Não, não se pode tratar um assunto que tem a ver com a imagem, a personalidade e a auto-estima de inúmeras mulheres de forma rasa. Por trás de todos esses artifícios coloríficos existe um conceito maior e atemporal: o adorno das unhas e sua importância social.

Segunda-feira, 16/08: A Antropologia da unha